sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A Transamazônica hoje

Foto: Edgar Cotait

Hoje em dia, a Tranzamazônica (BR-230) é a terceira maior rodovia do Brasil, com 2,300 km de comprimento e sinônimo de problemas. A maior parte não é pavimentada, sendo intransitável nos períodos de chuva (Outubro a Marco). Além disso, a rodovia provocou o aumento do desmatamento, uma vez que facilita o acesso ao interior da Amazônia. Outros problemas relacionados à obra ainda podem ser citados, como o aumento da violência rural e da prostituição, e a questão indígena.
Hoje é o sonho de muitos amantes do off-road (Esportes fora de estrada), pois sua precariedade instiga aos mais aventureiros sua travessia

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Na prática...

Quando a idéia foi posta em prática, surgiram inúmeros problemas. Primeiro, os trabalhadores ficavam completamente isolados e sem comunicação por meses. Outro aspecto foi o fato da rodovia estar em pleno coração da Amazônia, onde sem recursos, muitos trabalhadores morreram devido à doenças transmitidas por animais silvestres. Tudo isso aliado à falta de planejamento e direção da obra, além dos recursos insuficientes e a situação econômica posterior, transformaram a obra em uma dos maiores fracassos e desperdícios da historia do Brasil
Em meados de 1.974 o governo anunciou que as obras da Transamazônica tinham chegado ao fim.

Por que fazer a estrada?

Os motivos que levaram o governo brasileiro a tomar a decisão do projeto foram a falsa crença do milagre econonômico, a vontade de criar obras que causassem impacto e reforçassem a idéia do "Brasil potência" e a localização geográfica estratégica da Amazônia, já que na época da ditadura militar, pretendia assegurar a soberania nacional era fundamental.
Foi um grande projeto do regime militar comemorado como a maior ousadia da engenharia humana. Milhares de operários operando maquinas gigantescas tinham rasgado o país de leste a oeste ligando o nordeste com os confins da extrema Amazônia, onde as fronteiras se confundem no meio da mata.

A História da Rodovia

A Rodovia Transamazônica (BR-230) foi projetada pelo general Emílio Garrastazu Médici (ditador de 1969 a 1974) sendo uma das chamadas "obras faraônicas" devida as suas proporções gigantescas, realizadas pelo regime militar
Médici, empolgado com o arranque da economia, criou um projeto faraônico: a transamazônica. A rodovia deveria ser pavimentada com 8 mil quilômetros de comprimento, conectando as regiões Norte e Nordeste do Brasil, além do Peru e do Equador. É classificada como rodovia transversal e foi “inaugurada” em 27 de setembro de 1972. Nesse dia o governo preparou uma grande solenidade no meio da selva amazônica, algo que marcasse a história do País. Na manhã daquele dia, o presidente da República, o general Médici, iniciaria a ligação do Brasil do Norte ao Nordeste, inaugurando a Transamazônica. Uma Castenheira foi derrubada na cerimônia de inauguração. O tronco da Castenheira que existe até hoje em Altamira recebeu o nome de “Pau do Presidente”.

Este era o projeto das terra sem homens para homens sem terra pretendia atrair para a região dois milhões de colonizadores.
A Transamazonica parecia ser a grande solução do paíz. Ajudaria a tirar as pessoas da seca do nordeste, resolveria a situação agrária no sul e frearia uma provável internacionalização da Amazônia tudo de uma vez

sábado, 23 de agosto de 2008

Conclusão de uma vã filosofia


Avalio esses fatores e chego a uma equação. Chegou a hora de conhecer a Transamazônica. Lançar-se em uma aventura no coração do Brasil percorrendo 8 estados e rodando 4.000 quilometros pela maior floresta tropical do mundo, uma estrada para ser vista da lua.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Somos animais instintivos


No fundo, apesar de todo o processo de civilização o homem é um animal e precisa dar vazão a sensações e atitudes instintivas de alegria e violência que na sociedade de hoje só costumam ser bem vista no esporte.
Passamos grande parte do tempo reprimindo reações instintivas, sublimando desafios ou simplesmente submetidos a situações de tédio, quando não de medo. No código genético do ser humano esta escrito que diante de um ataque , as opções são reagir com violência ou fugir. Mas no código social, que se sobrepõe, vigora a lei geral do engolimento de sapos, a mesma que nos faz acatar decisões que parecem injustas ou chamar a manutenção em vez de dar uns pontapés no equipamento que parou de funcionar. De vez em quando, alguém explode na disputa por uma vaga para estacionar ou numa briga de transito, a maioria, porem vai acumulando essas frustrações que precisam ser descarregadas de alguma forma.
Isso acontece até o momento em que ou voce diz: Chega! Eu vou a luta. E cria um projeto ou aventura que venha de dentro de sua alma ou no momento que você descobre que esta com 80 anos e que seus planos e sonhos nunca sairão da sua mente e acabarao ali o resto dos seus dias onde nasceram e morreram.

Sucumbimos instintos- O grilo e a naja.

Se você prende um grilo num copo com a boca pra cima e coloca uma folha de papel sobre a boca, este grilo vai batendo na folha várias vezes tentando fugir até um momento que ele desiste. A partir do momento que ele desiste você pode tirar a folha de papel que ele nunca mais tentará sair e provavelmente morrerá no copo aberto.
Da mesma forma uma naja quando é treinada para apresentações com a flauta, ela é preparada de forma interessante. A cobra ainda selvagem e predadora é colocada num cesto fechado, quando o cesto é aberto ela vem vorazmente para fora para atacar, neste momento é surpreendida por uma pequena varada na cabeça dada pelo treinador fazendo que ela volte imediatamente para o cesto e fechado ainda meio tonta. O ciclo é repetido varias vezes até um momento em que a cobra perde o seu instinto de ataque. A partir deste momento na abertura do cesto ela sai somente se equilibrando e se defendendo, mesmo que nunca mais seja atacada novamente. Nunca mais a cobra será selvagem novamente. Jamais ela atacará e acabará seus dias domesticada.
Se até os bichos que naturalmente seguem seus instintos caem nestas armadilhas imaginem nós que há muito já perdemos nossos instintos selvagens e nos tornamos um produto de mudanças culturais e sociais ao longo dos tempos.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A rotina da vida moderna nos domestica

Temos uma enorme capacidade de adaptação. Existem seres humanos morando nas geladas temperaturas dos Árticos e nos escaldantes desertos africanos.Essa “capacidade” humana ao mesmo tempo que nos é favoravel também é maléfica por ir nos ensinando a adaptar-nos a situações de comodidade e conforto.
Aos poucos vamos perdendo nosso espírito aventureiro e nos tornando amigos íntimos dos sofás e do controle remoto. Dia destes ouvi a estória de um garoto de 7 anos que falou pra outro da mesma idade: - Cara você sabia que teve uma época que as pessoas saiam do sofá e iam trocar o canal da televisão a pé ?.As geracoes vao se transformando.Os desafios ficam restritos e os planos e aventuras vão sendo jogados para um futuro que nunca chegará.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Eu e a Transamazônica


Quando adolescente e jovem fui meio militante. Gritei que a Amazônia é nossa. Que a Transamazônica ia destruir a cultura indígena, levaria doenças aos indios. Discutíamos que a estrada levaria progresso e destruiria a floresta (Assunto atè hoje em pauta).
Existia um boato que as empresas que trabalhavam nesta estrada podiam explorar um quilometro de floresta adentro de cada lado da rodovia e que isso também destruiria a floresta.
Eu tinha uma ideologia de que mudaríamos o mundo. Tenho ela até hoje, a diferença é que hoje sei que não da. Mas a estrada continua lá e a floresta também, com a diferença de que em quantidade bem menor do que na época de minha indignação.
Já se passou de 20 a 25 anos desde as primeiras historias e a curiosidade ainda me instiga e me alimenta

terça-feira, 12 de agosto de 2008

As lendas alimentam nossa alma

Foto: Rigon


Há muito tempo ouço falar desta estrada. Como uma criança curiosa ouvia e lia muitos mitos e lendas sobre a Transamazônica.
Abro aqui uns parênteses para falar dos mitos e lendas. Não é o concreto e a verdade que alimentaram os grandes feitos e as grandes aventuras do mundo. Foi o mito, o sonho, a possibilidade de ser, o inconfirmável.
O real e o concreto se tornam chatos e previsíveis, vão se repetir e estão ao acesso de todos. Não possuem a alma do mistério e do perigo. Não exigem coragem e não merecem méritos nem planejamento.
Já o mito e as lendas alimentam os aventureiros, sonhadores e os viajantes. O “era uma vez” já nos atrai instantaneamente desde criança. Aprendemos que estes relatos sempre nos transportam a épocas, povos, lugares e histórias. Aquilo que não puder ser confirmado instigará nossos anseios e a nossa mente e conseqüentemente embalará nossos sonhos.
Esse papo em volta da fogueira, as historias contadas por quem foi, os verbos errantes de viagem, contados em grupos, mercados e nas encruzilhadas nos lançaram ao mar desconhecido. Nos lançaram as Bandeiras, as cruzadas, fez Marco Pólo ir a China, Colombo a América, Villasboas ao Xingu entre tantos outros feitos imagináveis implanejaveis ou imprevisíveis, mas nos trouxeram ate aqui (Fecho esse parênteses sobre mitos e lendas, ufa!)

A lambreta no bote

A empolgação foi tamanha que logo pegaram a lambreta colocaram num bote e a levaram por rio numa pequena venda (Armazém) onde era o “centro” da pequena vila.
Meu pai conta que aquilo foi feito não como promoção mas como forma de compartilhar com todos algo que era eletrizante e fantástico para a região.Todos perguntavam sobre a viagem e sobre tudo, alem é claro de querer dar uma volta.
Era a magia do interior que não existe mais. A TV e a Internet mataram esta magia.
Dizem que a carga genética algumas vezes pula uma geração, mas acho que no meu caso ela poderá pular a próxima mas, me desculpem, não na minha vez.

A chegada em SC


Narrava nos que a chegada de lambreta na Madre (de onde havia saído para ir trabalhar em São Paulo) foi algo triunfal e inacreditável por muitos. Na localidade a maior parte do transporte era feito por rios. Todos tinham um bote ou uma bateira que era usado também para pesca.
Nessa época as estradas serviam apenas para transportar o gado de uma pastagem a outra, para as carroças e ainda para os raros veículos motorizados de caxeiros viajantes que raramente passavam pela regiao
Foi algo como uma espaçonave descer na terra.. Se já não bastasse uma lambreta ser totalmente desconhecida e inusitada a Lambreta de meu pai possuía umas labaredas de fogo desenhadas nas tampas laterais e muitas pecas cromadas (Acho que meu pai na época era meio Mad Max)
Quando chegou na minha avó seus irmãos, na época todos pequenos, rodeavam a lambreta, subiam nela,queriam andar e ficavam extasiados com tal veiculo.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A viagem de meu pai


Somado a isso lembro me ainda de uma historia que meu pai conta. Ele saiu em 1961 aos 18 anos do interior do interior de Laguna para ser garçom em São Paulo.
Na localidade de Madre onde morava não havia nem água encanada (Algo normal pra época, usava-se a água de poço), nem luz elétrica.
Em 1965 já estabelecido na cidade ele comprou sua primeira lambreta e resolve fazer uma viagem São Paulo a Laguna (Aproximadamente 850 km).
Contava sempre essa historia sobre os quatro dias de estrada pela atual BR 116 e BR 101, hoje totalmente asfaltada e duplicadas mas que na época eram quase na sua maioria estradas de chão e que dependiam das condições climáticas para seguir viagem. A cada parada era preciso se informar sobre as condicoes da estrada pra frente para poder seguir viagem.
Falava sobre grandes trechos em que havia duas cavas feitas pelas rodas de caminhões e que era preciso colocar a lambreta dentro, tirar os pés das pedaleiras e ir ajudando para transpor os atoleiros.

A herança genetica

Desde de garoto me lembro de termos um veiculo motorizado de duas rodas em casa. Era ainda muito criança e lembro da lambreta do meu pai estacionada na garagem ou num pequeno rancho que ficava atrás de casa.
Meu pai conta que quando eu tinha três anos ainda morando na Vila Maria em São Paulo ele pegava eu e minha irmã quatro anos mais velha colocava-nos na lambreta e saia pela cidade.
E assim foi toda minha infância com o pai sempre saindo e chegando na velha lambreta. Algumas épocas ficávamos sem carro, mas raras vezes ficamos sem a lambreta.
Mas tarde eu já aos 12 anos o pai comprou a primeira moto, uma CG 125 1982 vermelha carburador com sistema ecco revolucionário, bengalas modernas em relação ao modelo anterior. Fantástica pra um guri de 12 anos. Moto na qual comecei a dar os primeiros passeios pelo bairro.