segunda-feira, 13 de outubro de 2008

22 dia (Domingo 12/10) Ibema (PR) A Florianópolis (SC)

AQUELE ABRAÇO!!!
Isso nao tem preço. Minha família fez uma surpresa e quando abri a porta de casa...
Esqueçam o povo da floresta. Esse é o meu povo.
Mae, Duda (sobrinha), Léo (sobrinho), Sara (mana), Clarinha (Sobrinha), Taskia (Cunhada) Wagner (Mano), Fran (noiva) e eu (eu). Meu cunhado Eduardo fez a foto e meu pai nao pode estar presente.

Recepçao no trevo de Joinville. Valter (Cunhado), Lucas (Afilhado) e Silvia (Irma) Obrigado beijo no coraçao de voces.


... e Reginaldo vieram receber no trevo de Curitiba. Valeu amigos!!


Mário....


22 dia (Domingo 12/10) Ibema (PR) A Florianópolis (SC)
“O bom filho a casa Torna”.

Um dia sem palavras. Fiquem com as imagens. No dia do aniversário da Padroeira do Brasil o meu muito obrigado pela proteção recebida.


Aos amigos que comentaram as fotos, que postaram no blog, que fizeram suas orações por mim, que torceram e que aguardaram cada noticia o meu muito obrigado do fundo do meu coração. Sempre estivemos juntos nesta viagem. Pensei em vocês em cada paisagem apreciada, em cada momento mágico e sempre me senti responsável em estender isso a todos vocês. Sozinho essa viagem não teria o mesmo sabor. Obrigado por estarem juntos.

E não esqueçam duas coisas:
1º. Parem de me rastrear agora (rsss)
2º. Eu trouxe um presentinho pra todo mundo que vier me visitar essa semana. Porém só vai durar uns dez dias:
- MALÁÁÁÁÁÁÁÁRIA!!!!!!!!!!



OBS: Em breve postarei um comentário final sobre a viagem e os alguns vídeos.

21 dia (Sábado 11/10) Sonora (MS) a Ibema (PR)

A maior quilometragem feita num dia em toda a viagem: 1050 Kms. É a saudade batendo forte no peito.


Entrando no estado do Paraná 16:00 hs
Longas retas no Mato Grosso do Sul



20 dia (sexta 10/10) Sorriso (MT) a Sonora (MS)

Na saída de Sorriso enquanto arrumava a bagagem na moto tive aquele que talvez foi o ultimo bate papo surreal da Transamazônica. Uma senhora de bastante idade se aproxima da moto e fica me observando ajeitar a bagagem. De repente me pergunta: - O que é isso meu filho? Apontando pra moto. - É a minha casa senhora. Respondo simpaticamente. -Parece uma moto né? Responde ela, sorri e vai saindo caminhando lentamente pela calçada. Era hora de pegar a estrada pelas longas retas do Mato Grosso.





19 dia (Quinta 09/10) Moraes de Almeida a Sorriso (MT)

19 dia (Quinta 09/10) Moraes de Almeida a Sorriso (MT)


A saída de Moraes de Almeida já me trazia a lembrança de que aquele era o último dia do projeto Transamazônica. Claro que na verdade uma viagem acaba quando você chega em casa, mas neste caso eu havia estabelecido que em Guarantã do Norte (MT) onde acaba o trecho de chão da BR 163, ali acabaria meu projeto. Dali a Florianópolis seria um grande deslocamento retornando pra casa sem nenhuma atração no roteiro apenas uma rotina de aproximadamente 2700 kms, mas claro que como bom motociclista vou curtir até o ultimo momento essa longa aventura pelo Brasil.
Os últimos quilômetros de estrada de chão da BR 163 já são dentro da Serra do Cachimbo. Há um bom tempo já é possível notar que a vegetação mudou. As grandes árvores já foram substituídas pela vegetação do serrado. Aqui na serra do Cachimbo há uma base aérea onde está aquele avião Legacy que bateu e derrubou um avião da Gol na Amazonia. Esse avião que está com apenas quarenta minutos de vôo está apreendido pelo governo brasileiro para garantir a indenização das vítimas. Saindo do Pará entro no Mato Grosso e chego a Guarantã do Norte. Acabou a estrada de chão. Agora até Santa Catarina será só asfalto. Paro a moto no começo do asfalto, encosto e fico a relembrar os últimos quinze dias rodando por estradas, vilas, florestas, rios. As histórias ouvidas, o conhecimento adquirido, paisagens, sabores e odores. A aventura foi muito além do que meu planejamento pretendeu atingir. Estava completamente realizado em relação ao sonho de conhecer a Transamazônica. O mito fazia agora parte da minha vida como um capítulo muito bem vivido. O menino que sonhou com a estrada na infancia agradece.
Saio dali e vou rodando até Sorriso (MT) onde dormi essa ultima noite do projeto. Ali num barzinho tomando uma cerveja e aguardando um lanche numa linda praça bem iluminada ainda relembrando o quanto havia sido maravilhosa a viagem até aqui chego a uma conclusão: Depois de quinze dias rodando por estradas hora empoeiradas hora enlameada do norte tudo havia acabado em SORRISO.

Guranta do Norte. Aqui acabou o projeto: Transamazonica
Fim da Serra do Cachimbo.

Esse caminhão é um perigo. Ele molha a estrada que fica absurdamente lisa.


Caminhos na Serra do Cachimb0




Pra tantas árvores derrubadas nada mais justo que uma cruz.

Nao tem como errar






quinta-feira, 9 de outubro de 2008

18 dia (Quarta 08/10) Santarém a Moraes de Almeida

O barco encosta no porto de Santarém e já vou logo providenciando uma rampa para descer a moto. No meu roteiro inicial incluía conhecer Santarém. Mas com o atraso da saída de Manaus por não haver barcos no domingo isso não será possível e de lá já saio direto pra Altér do Chão. Que lugar lindo! Altér é um Balneário as margens do Rio Tapajós. Uma praia belíssima, muitos barcos e cabanas de palha. Ali tomo meu primeiro banho das ultimas sessenta horas. A coisa já estava crítica. Não tomei banho no barco por causa das bagagens e porque achei o banheiro pequeno e a minha tentativa de um banho na segunda a tarde foi frustrada pela pressa pra saída do barco. Agora estava resolvido. Já estava cheirando a aroma perfume dos campos flagrância Agricultor cortando cana no sol três dias. Muito boa a água do Tapajós, não é quente nem fria, tudo bem parado, muito bom. Dali sigo pra Belterra. Essa cidade foi criada por Ford na década de 20. O objetivo era extrair borracha para os primeiros Ford T. A arquitetura da cidade ainda guarda traços dessa época. As casas com madeiroes horizontais, grandes espaços na frente de casa, pequenas varandas, hidrantes. Parecem aquelas cidades de filme americano. Ainda há na cidade um bosque de seringueiras preservadas. Um morador me conta que depois de um tempo em que a cidade estava produzindo borracha foram levadas mudas para os Estados Unidos e lá ela vingou. Aos poucos a cidade perdeu o interesse de Ford. Volto a BR 163 que será minha companheira até Santa Catarina. No começo um bom asfalto permite boas velocidades, mas logo em seguida volta a ser uma estrada de chão muito parecida com a Transamazônica. Muitos trechos ruins. Ao fim da tarde por Trairão e faço um planejamento de tocar até Moraes de Almeida cidade que estava a 100 kms a minha frente. A estrada estava muito boa, eu andando a uns 80 ou 90 km/h em uma hora e quinze no máximo estria lá. Ando uns cinco quilômetros e a estrada fica horrível com umas pedras enterradas e muito buraco. A velocidade cai pra 30 km/h e de repente a moto começa a dançar. Encosto e vejo que tenho um pneu furado. Imediatamente pego o spray de pneu, mas não teve jeito era um furo grande de prego e já era. Nesse momento passa uma moto que para e me avisa que a um quilometro atrás há uma borracharia. Não havia nada neste trecho e na tal borracharia que ele falou eu só lembrava que passei por um restaurante. Volto e lá está o restaurante e a Borracharia Ali começamos o tramite para simplesmente trocar a câmera. O borracheiro totalmente inexperiente até que terminamos já por volta das 19:00. . Parado a beira da estrada tiro uma foto que me causou tremenda surpresa e comoção. Tinha uma camionete parada terminando de consertar o pneu. Espantado com a quantidade de coisas que a camionete levava, resolvo fotografar. Quando o flash da máquina clareia vejo que embaixo daquela carga toda há pessoas, inclusive um bebe de no máximo dois meses. Eles teriam a mesmo caminho que o meu até Moraes, levariam de camionete umas três horas Pego a estrada para fazer os meus 90 kms e a estrada está lastimável. Caiu uma tremenda chuva que não passou onde estávamos. Anoiteceu e é muito mais difícil de saber onde está liso ou não, porém era preciso tocar porque Moraes de Almeida era a única coisa nos próximos 90 km. Ando na maior parte do tempo a 20 km/h sempre escorregando muito e indo para as laterais da estrada. Faço ali diversas paradas para descanso tentando chegar a Moraes. Até que por volta de 22:30 chego morto de cansado à cidade que está sem luz, pego um hotel e me recolho de mais um dia em estradas de terra do Norte brasileiro.



Estado em que chegou no Hotel
Prego no pneu

BR 163





Belterra, a cidade de Ford



Serigueira onde se tirava a borracha.

Altér do Chao






Chegada a Santarém



17 dia (Terça 07/10) Manaus Santarém.


A primeira noite dormida a bordo do Nélio Correa não foi das melhores. Coloco meu colchão num bom lugar embaixo das redes e por volta das 22:00 já estou dormindo. Porém pela madrugada cai uma forte chuva e encharca minhas coisas incluindo lençóis e meias. Rapidamente levando meu colchão e levo pra outro lugar. A chuva chegou de surpresa e não deu tempo do pessoal do barco levantar as lonas laterais. Quem estava na rede se fechou igual a um casulo, eu de colchão não deu tempo de nada, só de acordar com a chuva. Faço aqui uma observação, dormir num barco todo aberto que corre vento o tempo todo com um colchão e lençóis não é uma das tarefas mais fáceis. Primeiro que o vento, o tempo todo, o quer levar seu lençol embora. Segundo é que fica muito frio e não tem onde não pegue vento. Por isso que esse povo usa a rede. Fecham-se igual a um casulo e pela manha vira borboleta e está ganha a noite.Outro fato no barco é que no começo tudo é novidade, depois você vai ficando injuriado.Pelas 07:00 da manha você fala:- Olha a casa dos ribeirinhos! Que legal morar a beira rio.Perto do meio dia você diz:- Caraca! Força de casa desses ribeirinhos. Como esse povo vem pra cá?Lá pelas 18:00 você ta falando:- Bando de Ribeirinho FDP. Parece uma praga. Estão em tudo que é canto.Apesar de o barco ter três níveis mais porão, você vai se enchendo de ficar 36 horas no mesmo lugar. Confesso que fiquei bem impaciente. No começo tudo é bonito, as paisagens, o rio andar um pouco no barco. Depois você não tem mais posição pra ficar. Senta de lado, deita, se encosta, não tem mais aonde ir.Começo a pensar coisas insanas pra fazer e colocar pânico no barco.Olhar as pedras de tomo mundo no dominó e bater nas costas de um deles e dizer:-Eaí amigo. Ta com o carretão hein?Ou então dar um pedala Robinho no Capitão e ir se esconder no porão.Roubar bolacha das crianças ou jogar uma bolsa n'água.Ciente de que tudo isso pode terminar em um:-Homem ao mar! (eu)Tento ficar mais sossegado, tomo duas cervejas e vou dormir um pouco.Serão trinta e duas horas até chegar a Santarém. Pra quem vai a Belém só sexta.Outro detalhe. É preciso cuidar dos pertences pessoais. Roubaram dinheiro e um celular de uma cara que estava tomando banho. O pessoal falou que isso é freqüente nesses barcos. Nem tomar banho eu tomei.



Povo esperando o barco em Santarém
Nao precisou ir para o porão.

Nascer do sol no Amazonas
Meu quarto.

Rio Amazonas
Grandes balsas

Povo do Rio

O dominó correndo solto

Por do sol


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

16 dia (seg 06/10)

Em Manaus sabia que a negociação para embarcar a moto no barco é um pouco complicada. Tem vários valores diferentes no mesmo porto. Ciente disso comecei a sondar os preços no sábado de manha e acabei ficando com três contatos para embarcar segunda. Ligo segunda de manhã e fecho com o Sr. Nilson a R$ 250, eu a moto até Santarém. Confirmei com ele se estava tudo ok e ele falou que só precisava estar no porto às treze horas para embarcar a moto e que o barco sairia as 16h00min. Chego ao porto as 13h00min h conforme combinado e na hora de tirar a passagem vamos até o barco que ele onde o Responsável diz que não leva a moto. Parai um cara que vive no porto não saber qual barco leva e qual não leva. Resumo da obra, só havia passagem pro outro barco que saia também ás 16h00min, porém a passagem custaria R$ 370,00. Fiquei louco quando soube que ainda teria que pagar uma taxa de R$ 20,00 para a Capitania para embarcar a moto. Ou seja, ele me tirou a possibilidade de qualquer outra negociação com os outros, não havia mais tempo e ainda não informou todos os custos fiquei louco e precisava embarcar de qualquer jeito. Tomado por uma cólera, falei um monte de besteiras pra ele e seus auxiliares. Depois pensei que talvez não devesse ter feito aquilo, mas percebi que se tratava provavelmente de um expediente sujo usado por eles. Após o embarque da moto o Capitão me falou que o barco poderia sair mais cedo se tudo estivesse resolvido. Fui ao Hotel correndo e voltei ao barco as 15h00. O barco saiu de Manaus as 21 h. Relaxa e goza.


Assim que quase todos "dormem" no barco. Apenas uma pessoa levou colchão inflável. Adivinha...
Esse é o Nélio Correa. Meu barco até Santarém.
Esse momento foi extremamente tenso. Até as amarras pra subir a moto eles queriam fazer num lugar perigoso. No começo pensei que eles sabiam o que faziam, depois desisti deles.
Embarque pelo rio. A capitania nao podia ver a moto.
Desenhos indígenas.
Painel no Centro Cultural da Casa do povo da floresta


Essa peça é um cilindro com vários buracos. Em cada buraco voce sente o cheiro de determinada planta da floresta amazonica. Fantástico!